Curadoria Feminina

LORENA ORTIZcuradoria de longas e curtas,

MARIANA TAVAREScuradoria longas

LELIANE DE CASTROcuradoria curtas

2ª MOSTRA DE CINEMA DE BETIM

LORENA ORTIZ

curadoria de longas e curtas

Introdução à pós-produção

Lorena Ortiz é colombiana residente no Brasil desde 2008, estudou na Universidade de Cinema de Buenos Aires e fez uma série de workshops de técnica cinematográfica no SICA (Sindicato de la Indústria Cinematográfica Argentina). Atualmente trabalha como montadora, curadora e diretora artística de longas-metragens, curtas e séries.

Entre as produções, se destacam filmes premiados em diversos festivais nacionais e internacionais: “Elena” de Petra Costa, “My name is now, Elza Soares” de Elizabete Martins Campos, “Noites Alienígenas” e “Empate” do Sergio de Carvalho, “Tudo que você podia ser” de Ricardo Alves Júnior, Maria da Liberdade de Rodrigo Campos e Marcos Vinicius, “O corpo quer ir embora” de Rodrigo Oliveira, entre outras.

Lorena ainda possui trabalhos como curadora de festivais, entre eles: Festival Llatinoamericano de curtas En Transe (Bs As – Argentina), Pachamama cinema de fronteira (Rio Branco, AC), I Mostra delas de cinema do Norte (Rio Branco, AC), e da I e II edição da Mostra de Cinema de Betim (Betim, MG).

“A 2ª Mostra Betim partiu da premissa do território que é a própria Betim, cidade industrial essa que, de alguma forma, fica fora do eixo Rio-São Paulo-BH, que são os grandes centros cinematográficos do país, em que se chega o cinema diverso, contando com mostras nacionais e internacionais. Então, partindo dessa premissa, fizemos a escolha de filmes que trouxessem linguagens ousadas, diversas, que trouxessem também  temáticas de várias regiões do Brasil, além de  filmes feitos por mulheres e na periferia, manifestado com ousadia e uma experimentação peculiar na linguagem, no conteúdo, na forma.

Também demandamos trabalhar fazendo uma pequena amostra do que está acontecendo no cinema contemporâneo brasileiro. Filmes de cunho crítico social, que estão abordando temas como o etarismo, afeto, a sororidade entre mulheres, efetivamente uma indução ao olhar para temas do nosso passado que ainda  se repetem, apesar de  muito atuais na cena social contemporânea. Tudo isso a partir de filmes de arquivos, memórias musicais que mencionam também escancaradamente  a nossa cultura brasileira. 

Também procuramos pensar, incluir  cineastas de informação da cidade para trazer filmes que se utilizam de recursos de linguagem diversa, com animações, documentários, filmes de dramaturgias, mais teatrais. Tentamos assim fazer essa diversidade de filmes que se utilizam de material de arquivo para contar, filmes de personagens, filmes que fazem críticas sociais e assim fazer escolhas que pudessem dialogar e que preenchessem também e ainda  ajudasse a nutrir o estudo, uma pesquisa desses novos realizadores de informação em Betim”.

MARIANA TAVARES

curadoria de longas

MARIANA TAVARES

Professora e pesquisadora de Cinema.

Curadora da 2ª Mostra de Cinema de Betim. Jornalista formada pela UFMG, trabalhou por 15 anos na Rede Minas de Televisão onde atuou como repórter, apresentadora, documentarista e diretora de programa.  Seu doutorado em cinema deu origem à biografia da cineasta Helena Solberg, seu primeiro livro. A pesquisa de pós-doutorado, também na UFMG,  resultou no livro “Escola de Belas Artes, UFMG: 65 Anos de Ensino-Aprendizagem em Artes” lançado em 2025 pela editora Ramalhete, em Belo Horizonte.

“A curadoria foi pensada levando em conta o caráter de formação do público que a Mostra de Betim apresenta, sobretudo, na formação do público betinense para a riqueza e pluralidade do cinema brasileiro contemporâneo e da importância de vermos as nossas histórias, realidade e a diversidade desse País  continental na tela de cinema.

Nesse sentido, a gente pensou essa curadoria a partir de alguns eixos e um  deles é o cinema feito por mulheres no Brasil e da potência dessas diretoras que estão rodando em vários estados brasileiros. Nesse sentido, é notório a aparição de  filmes diversos, como “Um Dia Antes de Todos os Outros”, rodado no Rio de Janeiro pela Valentina Homem e pela Fernanda Bondi; “Manas”, rodado na ilha do Marajó por Mariana Brenan e  “Melhor Mãe do Mundo”,  rodado pela Ana Mulher Erte na Grande São Paulo.

A mostra também traz “Pau D’arco”, documentário corajoso realizado pela jornalista Ana Aranha, a partir de um evento importante que se deu no estado do Pará: uma chacina que ocorreu com relação aos trabalhadores sem terra e o trabalho incansável de um advogado na luta para que esses trabalhadores conseguissem o direito a essa terra.

Outro eixo da segunda mostra de cinema de Betim são filmes que trazem diferentes aspectos da arte e da cultura brasileira, dentre eles um documentário também rodado por uma mulher, o belo “Milton Bituca Nascimento”, dirigido pela Flávia Moraes; esse  filme foi um dos vencedores do grande prêmio do cinema brasileiro e reforçou a importância do trabalho dessa figura bem como sua inserção na cena internacional. É um filme muito bem feito que conduz seus espectadores de uma forma muito agradável ao acesso por meia dessa maravilhosa  trajetória do Milton Nascimento. 

Nesse sentido, também temos outro filme que é “Otelo O Grande”, dirigido por Lucas Rossi, que aborda a trajetória dessa figura, ator brasileiro que tem uma rara particularidade que é o fato de ter trabalhado em diferentes épocas da produção audiovisual nacional. O Grande Otelo foi ator das chanchadas quando  fazia parceria cômica com o Oscarito. Foi um ator fundamental do movimento do Cinema Novo e fez também novelas, fato raro no audiovisual brasileiro, se configurando um ator tão flexível, diverso e que consegue percorrer vários momentos da nossa produção audiovisual mesmo tendo sido vítima de preconceito por ser negro.

Também dentro desse tópico da arte brasileira, temos o documentário “Elis e Tom”, que mostra a parceria da cantora Elis Regina com o maestro Tom Jobim, num período em que gravaram um álbum nos Estados Unidos na década de 70, contando com canções que se tornaram clássicos, canções que foram criadas pelo próprio Tom Jobim. Esse período de gravação nos Estados Unidos foi filmado, e tal  material ficou guardado e só agora veio à tona se configurando como  material raro de arquivo e  agora será apresentado para o público nessa grande obra cinematográfica.

Outro eixo da curadoria são filmes pensados para o público infantil, juvenil, para as escolas, como “O Menino e o Mundo”, animação de Alê Abreu, única animação brasileira que concorreu ao Oscar de melhor longa-metragem animado. Ele não foi premiado na época, no entanto, sabemos  que quando o filme é finalista do Oscar  já é um grande prêmio. “O Menino e o Mundo” é um quadro em movimento que traduz a nossa diversidade, nossa riqueza cultural brasileira simplesmente, um filme obrigatório. 

E junto com as comemorações do aniversário, Maurício de Sousa completa  seus  90 anos agora, a gente também vai exibir “Chico Bento e a Goiabeira Maraviosa”, que é protagonizado por um ator mineiro, o Isaac Amendoim, e que conta uma ficção trazendo o querido personagem do Maurício de Sousa, o Chico Bento, para um live action; com atores, protagonizado pelo Isaac Amendoim, a obra é uma aventura deliciosa rodada no interior.

E para terminar, também pensamos em filmes que mostram um pouco a produção brasileira contemporânea que contemplam a diversidade dessas produções, como já mencionado desde o início. Então, nesse sentido, temos “O Agente Secreto”, o mais recente e longa do Kleber Mendonça Filho, que conta a história de um personagem misterioso protagonizado pelo “Wagner Moura”, inclusive  filme esse que deu ao Moura o prêmio de melhor atuação no Festival de Cannes esse ano.  Kleber também foi premiado como a melhor direção. Esse filme é o nosso candidato à disputa pela vaga no Oscar em 2026;  um filme que mistura gêneros, que traz um  tom policial, de suspense, além de uma boa  pitada de terror, que também é uma marca registrada do cinema de Kleber Mendonça. Um surpreendente e espetacular filme “O Agente Secreto”.

Não menos importante, a produção recente é O “Último Azul”, de Gabriel Mascaro, premiado em Berlim esse ano, que traz uma Amazônia pouco convencional e uma protagonista, uma mulher, uma senhora, que deve ter seus 70 anos,  que toma as rédeas da sua vida, conduzindo um barco pelos rios do norte do Brasil. Filme também imperdível. E “Casa Branca”, do Luciano Vidigal, filmado numa comunidade no Rio de Janeiro, traz vários temas, dentre eles da herança negra e busca  retratar a juventude carioca que hoje vive nas comunidades, mas de uma forma leve, prazerosa, tudo isso em um roteiro muito bem amarrado; também um filme imperdível. Por fim, a gente queria convidar o público betinense a ver esses filmes que serão exibidos gratuitamente no shopping Monte Carmo, em Betim, e que vão mostrar essa riqueza do nosso cinema brasileiro. Não percam, a gente se vê em Betim.

LELIANE DE CASTRO

curadoria de curtas

LELIANE DE CASTRO

Leliane de Castro é fotógrafa, artista visual e  produtora audiovisual.

Estudou design na FUMEC.  Fundadora da produtora independente Urso d’Água Lab Cultural, registrada na ANCINE, onde desenvolve projetos de criação e difusão audiovisual.

Na It Filmes,  atua na equipe de comunicação da Mostra de Cinema de Betim,  projeto Circulabit, bem como atuou nas produções “My Name is Now, Elza Soares, “Alegria Brasil, estrelando Maria Alcina” e “A Criatura Sou Eu Ontem”.  

Teve seu videoarte “A Grosso Modo”, exibido no Museu da Gerdau, em Belo Horizonte, como parte da mostra “Festival Hors Pistes Brasil”, concebida pelo Centro Pompidou. Atualmente, desenvolve o projeto “Horizonte dos Sentidos”, evento que dialoga com a atuação feminina e da comunidade LGBTQIA + no mercado das artes visuais, tecnologia e mídias latino-americanas.

“A proposta da Mostra é incluir curtas-metragens antes das exibições de longas, criando uma experiência imersiva nas linguagens do cinema. Juntamente com Lorena Ortiz, buscamos construir uma seleção que convidasse o público a um exercício reflexivo, ampliando a experiência do espectador com as obras que serão exibidas em sala de cinema, com imagem e som de alta qualidade. Com seleções que levaram em conta a diversidade temática, representatividade e o diálogo com diferentes públicos. 

Assim como na edição anterior, esta Mostra proporciona a muitas pessoas, de diferentes idades, a primeira vivência dentro de uma sala de cinema. Iniciativas como esta precisam ser valorizadas e mantidas acessíveis a todos os públicos, pois o cinema é pertencimento, registro, memória e transforma. Vida longa à sétima arte, viva o cinema nacional!”