Malu Mader aplaude exibição de documentário sobre Elza Soares no Festival do Rio – PURE PEOPLE

O primeiro final de semana do Festival do Rio foi agitado. E Malu Mader até agora aparece como a mais fiel espectadora do evento. Depois de marcar presença na abertura da maratona cinematográfica e na exibição do filme “A Luneta do Tempo”, dirigido por Alceu Valença, a atriz foi à apresentação do documentário “My Name is Now”, que aborda a vida de Elza Soares.

Na plateia do Cinépolis Lagoon, na Zona Sul do Rio, Malu aplaudiu o filme da cineasta Elizabete Martins. Descontraída após a exibição, Elza Soares não titubeou e deu um selinho de agradecimento na diretora que levou sua vida para a tela grande.

No mesmo dia, Maurício Mattar foi com a namorada, Bianca Assumpção, prestigiar a exibição do documentário “Guardiões do Samba”, dos diretores franceses Eric e Marc Belhassen. Aos 90 anos, Nelson Sargento, um dos sambistas retratados no filme, foi conferir de perto a estreia e posou para foto ao lado de Ilda Santiago, diretora do Festival do Rio.

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Filme sobre Elza balança ao espelhar as valentias e vaidades da ‘Nega fênix’ – NOTAS MUSICAIS

Resenha de documentário musical
Título: My name is now, Elza Soares (Brasil, 2014)
Direção: Elizabete Martins Campos
Roteiro: Elizabete Martins Campos e Ricardo Alves Jr.
Cotação: * * * 1/2
Filme em exibição na edição de 2014 do Festival do Rio, no Rio de Janeiro (RJ)
Sessões de My name is now, Elza Soares no Festival do Rio:
* 28 de setembro de 2014, às 13h - Pavilhão do Festival
* 29 de setembro de 2014, às 14h15m e às 19h15m - São Luiz 4
Quatro anos após exibir Elza (2010), documentário sobre Elza Soares em que os diretores Izabel Jaguaribe e Ernesto Baldan deixaram que a música falasse pela cantora carioca, o Festival do Rio exibe outro filme sobre a artista. Em My name is now, Elza Soares, primeiro longa-metragem da cineasta mineira Elizabete Martins Campos, a Nega fênix – como Elza se autodenomina nos créditos iniciais do filme – toma a palavra. Ao focar a intérprete frente a frente com a câmera, como se essa câmera fosse um espelho imaginário, My name is now acaba refletindo valentias e vaidades de uma artista dura na queda, orgulhosa da própria (sobre)vivência. Ao apresentar o  filme em sessão de convidados do Festival do Rio, no fim da tarde de hoje (27 de setembro de 2014), Elza ressaltou que pediu à diretora – chamada por ela pelo apelido de Bebete – que o documentário falasse de vida e não de dor e sofrimento. Mas, como a dor parece ser a mola mestra que impulsiona Elza a lutar e a viver, o discurso acaba respingando no sofrimento recorrente na vida dessa mulher negra, pobre, que soube driblar humilhações e preconceitos ao longo de seus 84 (não assumidos) anos. Tanto que, perto do fim, o discurso de Elza já soa algo redundante. “A gente se fortalece e se esconde atrás dos aplausos”, diz Elza já no início do filme, entre imagens difusas. Sem recorrer ao formato convencional dos documentários biográficos, geralmente roteirizados com mix protocolar de depoimentos e imagens de arquivo, My name is now foge dos clichês até o momento em que rolam os créditos finais, ao som da música intitulada Elza Soares (Itamar Assumpção, 2010). Mas o documentário não escapa do balanço que rege a vida e a música de Elza Soares, diretora musical do filme. My name is now cai no suingue embutido na voz privilegiada e resistente dessa cantora que se apresenta na tela como compositora, interpretando temas de sua própria lavra, casos do Samba triste – cantado a capella – e de Eu sou Elza. A Nega fênix sabe fazer seu jazz, como mostram os dois temas vocalizados intitulados Improviso I e Improviso II – um alocado no início, outro no fecho do roteiro. Aliás, mostrando segurança como diretora, Elizabete dá toda a voz do filme a Elza, mas não perde o fio da meada do roteiro assinado com Ricardo Alves Jr. e turbinado com alguns números musicais do show Arrepios (2009), feito por Elza com o violonista João de Aquino, gravado ao vivo em São Paulo (SP), mas nunca efetivamente lançado em CD ou DVD. Um desses números é Cobra cainana (João de Aquino e Hermínio Bello de Carvalho, 1978). Em My name is now, a música soa tão forte quanto as falas de Elza. “Choro também de alegria, mas continuo chorando de tristeza”, ressalta a cantora, a certa altura do filme, com lágrimas nos olhos. Gritos uterinos são ouvidos em outra tomada, dando ao filme um contorno mais artístico, quase no limite da experimentação. Das imagens de arquivo, vale destacar o número em que Elza canta Brasil (Cazuza, Nilo Romero e George Israel, 1988) com sotaque americanizado. Um registro do pioneiro samba-canção Linda Flor (Ai, Iôiô) (Henrique Vogeler, Luiz Peixoto, Cândido Costa e Marques Porto, 1929) ilustra as cenas que lembram, sem depoimentos, o ruidoso caso de amor da cantora com o jogador de futebol Manuel Francisco dos Santos (1933 – 1983), o Garrincha. A propósito, a morte do filho nascido dessa controvertida união, aos oito anos, é descrita por Elza como “momento de loucura” em sua vida, época em que a cantora subiu morro, se juntou a bandidos e cheirou cocaína – como a própria artista relata no depoimento aparentemente mais espontâneo e menos ensaiado do documentário. Enfim, My name is now, Elza Soares não vai surpreender quem conhece razoavelmente a vida da artista. Mas tem seu mérito, tanto pela coesa forma cinematográfica quanto pela música cheia de valentia (e do suingue) da vaidosa Nega fênix.

Elza Soares, a ‘louca saudável’ – O TEMPO

Por MARCELO MIRANDA 06/08/09 – 18h15
Foto: Charles Silva Duarte

“Se o artista chega na hora, ele perde o valor”, diz Elza Soares, quase 50 minutos depois do horário marcado para a entrevista. E logo emenda: “É mentira. Eu que acordei muito tarde mesmo”.

Elza Soares é a artista por excelência. Em encontro com a imprensa mineira, na manhã de quarta-feira, chegou de cabelão grená (poderíamos falar em “red power”?), longos brincos em forma de folha, meias, botas, óculos escuros e jaquetinha branca sobre couro negro. “Meu lado moleque nunca saiu de mim. Você já parou pra pensar que sou uma filha de lavadeira, que catava comida junto com urubus, e virei uma artista famosa no mundo todo?”

Isso ninguém pode negar. E é para valorizar a trajetória de Elza que a documentarista mineira Elizabete Martins tem acompanhado a cantora em todo lugar, no intuito de registrar seu cotidiano e, em breve, montar um filme. “Ela é naturalmente mágica e, no palco, sempre me remeteu à ideia do espetáculo que o cinema pode ser”, exalta Elizabete – ou simplesmente Bete, como é conhecida no meio audiovisual. “A criatividade da Elza foi o que lhe deu força para ela superar todos os obstáculos.”

Elza conta não ser a primeira vez que tentam levar sua vida ao cinema. Porém, nas propostas anteriores, o foco não a agradava. “Ficavam muito fechados na minha relação com o Mané[Garrincha], nas bebedeiras… Eu não sou isso, né?”

Em Bete, encontrou a sensibilidade que acredita ser necessária para falar sobre seus principais passos como artista e mulher vitoriosa. “Não quero que façam comigo o que fizeram com o Wilson Simonal. Ele sofreu aquilo tudo, morreu e só depois fizeram um filme como se fosse pedido de desculpas”, afirma. E dispara: “Tem que homenagear em vida. Depois que morre, o artista vira nome de rua.”

Sem data. Por enquanto, Bete Martins trabalha com recursos próprios e parcerias. Está na fase de captação de imagens. O filme vai mesclar momentos de dia a dia com encenações, algumas protagonizadas pela própria Elza Soares. “Estamos até agora com 19 horas de material de pesquisa e já filmamos um sonho em que a Elza se vê como escrava num calabouço em Ouro Preto”, adianta.

O objetivo maior é transmitir a noção de uma Elza Soares atemporal, espécie de força da natureza. Nada que não condiza com a visão da própria sobre si mesma. “Sou uma louca saudável. Temos muitos loucos que deixaram grandes trabalhos, como Raul Seixas, Lobão, Tom Zé, Jards Macalé, Cássia Eller. Faço parte dessa falange!”. Mas o que, afinal, é essa loucura toda? “É o nu, é a ousadia, é o extravasamento.”

Jazz. Como boa louca, portanto, Elza Soares não sossega. Nas horas de “folga”, tem se internado em estúdio para gravar o primeiro disco de jazz. “Sempre cantei com ‘big bands’, fui amiga de Ella Fitzgerald, fui descoberta pelo Louis Armstrong… Sempre tive vontade de fazer um disco desses”, celebra. “E vou cantar em inglês! Estou tendo aulas pra poder falar direitinho.”
A inspiração maior, porém, é a diva Nina Simone – dela, Elza canta a composição “Strange Fruit”, cujo tema versa sobre escravos negros. Mas a favorita da cantora, dentro do repertório em andamento, é “Summertime”, imortalizada por Janis Joplin.

 

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