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Na trilha do documentário musical – CULTURA E MERCADO
Enviado por Mônica Herculano • julho 9, 2015 •
Está acontecendo nesta semana em São Paulo (SP), e segue para Salvador (BA) de 14 a 19 de julho, a 7ª edição do In-Edit – Festival Internacional de Documentários Musicais. Criado em Barcelona, na Espanha, em 2003, o evento já chegou a diversos países, como Colômbia, Chile, Grécia, México, Argentina e Alemanha.
Neste ano, a edição brasileira do festival recebeu 90 filmes, dos quais 59 foram selecionados para compor a programação. O país é o único de todos onde o evento acontece que recebe também curtas-metragens. Segundo Marcelo Andrade, diretor do In-Edit Brasil, aqui há um número maior de filmes na programação e a variedade de estilos musicais e linguagens cinematográfica é mais ampla. “Não sei dizer se é uma questão de curadoria, de inventividade, de variedade musical, talento. Só sei que a seleção da edição brasileira, em geral, é mais rica que a dos outros países que atualmente compõem a rede. Isso é visível.”
Nos últimos 10 anos, o Brasil teve um salto na quantidade de documentários – não necessariamente musicais – produzidos. De acordo com dados da Ancine, passamos de 15 filmes por ano em 2004 para 36 em 2014, com um pico de 50 em 2013. Fazendo uma comparação com outros países, Andrade considera que a tarefa de realizar um documentário lá fora é tão ou mais difícil do que aqui. Isso porque, com as leis de incentivo, os produtores brasileiros podem lançar um filme financiado através dos programas da Ancine ou das leis estaduais de captação via ICMS, e o título vai para o mercado sem a obrigatoriedade de conseguir mais recursos com bilheteria. O problema está em conseguir esse patrocínio, comum a qualquer cineasta ou produtor de qualquer nacionalidade.
“Pelo mundo, os produtores acabam procurando sócios capitalistas que se tornam coproprietários da obra. Na maioria das vezes, esses sócios acabam sendo uma TV, algum grupo de comunicação ou até mesmo uma distribuidora. Já sobre as dificuldades de produção, direitos autorais, distribuição etc, cada país tem suas particularidades em função de seus mercados”, explica Andrade.
No Brasil, a questão dos direitos autorais é uma pedra no sapato de quem se arrisca nesse universo. Os direitos das músicas e das imagens de arquivo são o maior custo desse tipo de projeto, como explica André Saddy, gerente de conteúdo e marketing do Canal Brasil. “É justo que se cobre, claro. O problema é que, infelizmente, as editoras não fazem distinção entre filmes que trabalham com orçamentos diferentes. Ou seja, cobra-se o mesmo preço tanto para um documentário de R$ 300 mil como para uma ficção de R$ 5 milhões.”
O Canal Brasil produziu “Lóki” e já coproduziu mais de 15 documentários musicais, entre eles “Dzi Croquettes”, “Jorge Mautner – O Filho do Holocausto”, “Olho Nu”, “Jards” e “Waldick – Sempre no Meu Coração”. E fechou neste ano uma parceria com o festival In-Edit para exibir uma programação especial que contou com 13 documentários musicais. Segundo Saddy, isso é resultado do crescimento da produção de filmes e do interesse por esse gênero no país. “Não medimos separadamente a audiência desse gênero de filmes, mas a própria repercussão de títulos como ‘Vinícius’, ‘Lóki’ e ‘Simonal’, só para citar três exemplos, reflete o interesse do público. Seja nos cinemas, na TV e mais recentemente nas plataformas de VOD”, conta.
Quanto vale o show? – Para Claudio Manoel, diretor de “Simonal – Ninguém Sabe o Duro que Dei”, a compra de direitos musicais é mais “normal”. “Negocia-se, barganha-se e pronto. Pode ser demorado e caro, mas a coisa é mais clara”, diz. A complicação mesmo está no direito de imagem, que foi o cerne da questão no recente debate das biografias não-autorizadas. “Em outros países a imagem registrada em alguma mídia pertence ao produtor (pressupondo que elas foram consensualmente obtidas), aqui pertence ao ‘registrado’ e seus herdeiros. Isso abre campo para negociações (e extorsões) intermináveis.”
Ele conta que o número de Simonal com a cantora Sarah Vaughan, uma das cenas do filme, foi a conversa mais fácil: obedecendo a legislação norte-americana, pagou-se a quem tinha a propriedade da imagem e pronto. Em contraposição, foi preciso tirar um take da mesma sequência, que mostrava a orquestra que tocou na época, porque teria que procurar cada músico – sem ter nenhum registro de quem eram – para conseguir a liberação do uso da imagem de cada um. “Se nossa lei fosse a que valesse no mundo, Michael Moore teria que pedir autorização ao Bush para ridicularizá-lo em seu documentário”, compara.
O músico Danilo Moraes viu-se do outro lado do “balcão” ao dirigir o filme “Premê, Quase Lindo”, que conta a história da banda paulistana Premeditando o Breque e traz 40 músicas. Experiente no lançamento de discos, ele lembra que já existe uma forma de se lançar um CD independente com canções de compositores conhecidos sem necessariamente pagar o “advanced”, que consiste em pagar todo o valor que aquela gravação iria arrecadar em direitos autorais antes de fabricar o disco. “No Brasil a lei parte do pressuposto que você é culpado até que se prove o contrário. Com os direitos autorais, pressupõe-se que o intérprete não vai pagar, então a editora (empresa que responde juridicamente pelas composições) cobra o ‘advanced’ para não ter que se preocupar depois vendo se o intérprete pagou ou não. O correto seria o intérprete pagar sobre o que ele lucrou, mas é muito complicado organizar tudo isso, separar 10 reais aqui, seis reais ali, para ir pagando o direito autoral”, explica.
O valor do “advanced” muitas vezes inviabiliza o lançamento de um disco. Além disso, as editoras cobram valores aleatórios, não existe uma tabela única. Ainda assim, no mercado de música independente existem saídas alternativas. Já no mercado do documentário musical isso ainda não é muito difundido. “Muitas vezes o autor das músicas nem sequer é consultado e a obra dele deixa de ir para um disco ou filme que ele gostaria que fosse, porque a editora barra. Acho que as editoras musicais ainda funcionam no esquema antigo das gravadoras, cobrando uma fortuna de ‘advanced’ e sem querer negociar”, diz Moraes. A saída, para ele, seria existir uma tabela acessível que considerasse o tamanho da produção (independente, com patrocínio ou com gravadora) para poder circular determinadas obras, que muitas vezes acabam na gaveta.
Ricardo Calil teve sorte nos dois documentários musicais que dirigiu. Em “Uma Noite em 67”, por uma questão editorial, foram utilizadas apenas seis canções finalistas do 3º Festival da Música Popular Brasileira da TV Record. Além disso, a própria emissora entrou como coprodutora do filme e não cobrou pelos direitos de imagem. “A gente foi na Record para tentar entender se conseguiria um preço razoável pelas imagens. Mas nunca seria muito razoável, porque eram muitas imagem. A sorte foi que eles disseram: ao invés da gente cobrar, a gente cede as imagens e entra como coprodutor. Isso foi um facilitador gigantesco. Não sei se a gente conseguiria fazer o filme se tivesse que pagar minuto por minuto de arquivo. Teria que fazer um filme diferente”, conta Calil. Já no caso de “Eu Sou Carlos Imperial”, que está sendo exibido no In-Edit, Calil e Renato Terra tiveram o apoio da família do produtor. Como ele assinava a autoria da maioria das músicas que lançava e era o produtor e diretor de todos os seus filmes, não houve problema em buscar liberação de uso. Além disso, segundo Calil, a produção do documentário foi modesta.
A arte dos grandes personagens – Documentários musicais são, em geral, os documentários mais bem-sucedidos no Brasil. Mas ninguém vê isso como um filão, segundo Calil. “Ninguém diz: ‘vou fazer um documentário musical porque aí vai dar certo’. Não vejo como uma questão de negócio, de mercado, porque naturalmente ninguém vai ficar rico fazendo documentário. Mas a música brasileira é tão rica que, se você faz um documentário musical, as chances de encontrar um público maior no Brasil aumentam bastante.”
Mas só a música é suficiente para render um bom filme? Para o jornalista e produtor musical Marcus Preto, assim como a literatura em prosa, o cinema é a arte dos grandes personagens e das grandes histórias. Por isso, os melhores documentários musicais não são, necessariamente, os filmes sobre os melhores músicos. Mas sim os filmes sobre os melhores personagens, sobre as vidas mais incomuns. “Por isso também há grandes filmes sobre bandas irrelevantes. Por isso um músico mequetrefe como o Carlos Imperial pôde render um filme superior a um grande músico como o Lenine. E, veja bem, isso não diminui nada a dimensão artística do Lenine. Só prova que a vida do Imperial foi mais espetacular, mais melodramática, mais cinematográfica. No cinema, a vida tem que parecer ficção. Ou é melhor voltar pra casa e ouvir o disco em vez de ver o filme”.
Ricardo Calil concorda: “Você pode pegar um grande músico, mas se ele tem uma vida pequena-burguesa, apesar da grande música, não necessariamente vai dar um grande documentário. Por outro lado, você pode pegar um músico menor, que tenha uma trajetória tumultuada, dramática… vai ficar envolvente. Então não necessariamente é só a boa música que faz um bom documentário musical. Tem que ter um grande personagem e bons conflitos”, ensina.
Ter a sorte de encontrar um documentário sobre grandes músicos que também são grandes personagens, diz Preto, é sonho. Elizabete Martins Campos foi atrás da sua grande personagem, Elza Soares. “My Name is Now” é um filme que conta a história da cantora que se tornou um ícone da música brasileira. “Elza é uma personagem perfeita para o cinema, porque traz impregnada em si fortes elementos não somente musicais, mas signos que refletem temáticas que interessam-me tratar, como a valorização da mulher, a potencialização da criatividade brasileira, a luta contra o racismo”, conta a diretora. O filme mergulha no universo de uma personagem que é visceral e que interpreta de forma visceral. Assim, analisa Elizabete, não é um filme sobre a vida de Elza Soares, é um filme sobre os brasileiros.
“Um bom documentário musical é aquele que conta bem uma história, que é capaz de seduzir o espectador e transportar-lhe para a realidade vivida no filme”, diz Marcelo Andrade. Em seguida, segundo ele, está a relevância do filme (histórica, biográfica, musical, social), a riqueza de informação (arquivo de imagens, depoimentos, material inédito) e os aspectos cinematográficos, como a linguagem (originalidade), fotografia e roteiro. Além disso, há a questão da “universalidade” do filme. “Histórias, personagens e entornos muito específicos acabam influenciando na decisão da escolha do título, e às vezes fica difícil transpor certas realidades para plateias que desconhecem o background do que está sendo contado. Isso acaba prejudicando o entendimento do espectador, que carece de informação para apreciar o filme”, explica.
O documentário musical, para Calil, deve ter os mesmos critérios que qualquer outro filme. “Com a vantagem de já vir, em geral, com uma boa trilha sonora”, ressalta. Deve ter bons personagens e bons narradores, que saibam contar bem essas histórias. Deve ter drama e conflito. Ainda que tudo isso possa dificultar o processo de produção.
Claudio Manoel bancou 99% dos custos de filmagem e edição do filme sobre Wilson Simonal, personagem controverso e com uma história bastante polêmica, depois de quase cinco anos buscando patrocínio. Apenas um pequeno banco de investimentos, presidido por um fã do cantor, deu R$ 15 mil, com a condição de manter seu nome em sigilo. No final, um parceiro-investidor privado pagou os custos de finalização – em troca de cláusula de prioridade, ou seja, recebendo primeiro a receita do filme até cobrir o valor investido – a RioFilme apoiou nos custos de lançamento e divulgação e a Globo Filmes entrou com mídia.
Elizabete acredita que, para fazer um filme, é melhor nem pensar sobre todas as dificuldades. “Encarei o projeto como um desafio, uma luta perseverante em busca de soluções, principalmente diante de tamanha responsabilidade de tratar um tema tão complexo, importante, rico e sério, como a vida e a arte de uma cantora, compositora e atriz como Elza Soares”, afirma. Com relação a direitos autorais, ela diz que poderia escrever um livro. No entanto, prefere falar da nova fase do projeto, que é a busca de novos parceiros para que as mais de 50 horas filmadas com Elza possam ter circulação e chegar ao grande público. A ideia é envolver pessoas físicas na etapa de lançamento do filme, com dedução do imposto de renda para quem apoiar financeiramente.
Outras grandes narrativas, acontecimentos e casos existem e poderiam gerar produtos e conteúdos de qualidade, indica Claudio Manoel, que não descarta a ideia de novas incursões no cinema documental. “O que me inibia a tirar da gaveta alguns temas e ideias era, justamente, a necessidade de ter que buscar autorizações infindáveis para contar bons causos. Agora, com a esmagadora decisão do Supremo Tribunal Federal, a favor da liberdade de expressão, da pesquisa e da preservação da memória e contra o atraso e a mesquinharia de milionários e/ou poderosos, fico mais animado. Quem sabe?”.
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10° Festival de Cinema Latino-Americano reúne 111 filmes de 17 países entre julho e agosto – ROLLING STONE
Estreias nacionais e exibição de filmes inéditos no Brasil estão na programação do evento, realizado em São Paulo
REDAÇÃO PUBLICADO EM 26/07/2015, ÀS 15H00
Entre 30 de julho e 5 de agosto, em São Paulo, será organizada a 10ª edição do Festival de Cinema Latino-Americano, com exibição de 111 filmes de 17 países de América Latina e Caribe. A entrada é franca.
Mostra de Cinema de São Paulo terá cartaz feito por Martin Scorsese.
Destaque para as pré-estreias nacionais de Ato, Atalho e Vento, de Marcelo Masagão (que abre o festival para convidados em 29 de julho, quarta), Sermão dos Peixes, novo filme de Cristiano Burlan (pré-estreia no dia 30, quinta, às 21h30, no Cinesesc), Trago Comigo, de Tata Amaral (pré-estréia mundial no dia 31, sexta, às 21h, no Memorial) e As Fábulas Negras, encontro antológico de quatro dos nomes mais importantes do terror brasileiro, Rodrigo Aragão, Petter Baiestorf, Joel Caetano e José Mojica Marins, o eterno Zé do Caixão (estreia em 1° de agosto, sábado, às 17h, no Memorial).
Homenageados do ano, Hector Babenco e Lírio Ferreira terão algumas de suas principais obras mostradas ao longo da semana do evento, entre elas, Lúcio Flávio, o Passageiro da Agonia, Pixote, a Lei do Mais Fraco e O Beijo da Mulher-Aranha, de Babenco, e Baile Perfumado, Árido Movie e Cartola – Música para os Olhos, de Ferreira.
A programação também inclui obras ainda não exibidas no Brasil, como Mar, coprodução chilena e argentina selecionada para o Festival de Berlim, dirigida por Dominga Sotomayor, Videofilia (e Outras Síndromes Virais), primeira produção peruana a vencer o Festival de Roterdã, de Joanna Lombardi, e As Insoladas, de Gustavo Taretto, que também dirigiu Medianeras – o diretor estará presente no festival.
Os filmes poderão ser assistidos nas salas do Memorial da América Latina, Cinesesc, Cine Olido, Centro Cultural São Paulo (Sala Lima Barreto e Sala Paulo Emílio), Cinusp Maria Antonia, Cinusp Paulo Emílio, Reserva Cultural, Espaço Itaú de Cinema – Frei Caneca, Cinemateca Brasileira e Centro de Pesquisa e Formação – Sesc. Todas as projeções têm entrada franca.
Veja a programação completa:
Centro Cultural São Paulo – Sala Lima Barreto
30 de Julho (quinta-feira)
19h30 – Pescado Rabioso – Uma Utopia Incurável – Lidia Milani
(Argentina, 2012, 55, Projeção Digital, 12 anos)
31 de Julho (sexta-feira)
19h30 – Ragazzi – Raúl Perrone
(Argentina, 2014, 83, Projeção Digital, 16 anos)
02 de Agosto (domingo)
19h30 – Lixo – Carlos Matsuo
(México, 2013, 64, Projeção Digital, 12 anos)
05 de Agosto (quarta-feira)
19h30 – That’s a Lero Lero – Amin Stepple, Lírio Ferreira (Brasil, 1995, 16, 16mm, 12 anos)
+
Cartola – Música para os Olhos – Lírio Ferreira e Hilton Lacerda (Brasil, 2007, 85, DVD, 12 anos)
Centro Cultural São Paulo – Sala Paulo Emílio
01 de Agosto (sábado)
19h30 – Sozinhos – Joanna Lombardi (Peru, 2015, 92, Projeção Digital, 12 anos)
04 de Agosto (terça-feira)
19h30 – Baile Perfumado – Paulo Caldas e Lírio Ferreira (Brasil, 1997, 93, Projeção Digital, 16 anos)
Cine Olido
30 de Julho (quinta-feira)
15h – Rumo a La Hoyada – Andrés Cotler (Peru, 2014, 52, DVD, 12 anos)
17h – Cartola – Música para os Olhos – Lírio Ferreira e Hilton Lacerda (Brasil, 2007, 85, DVD, 12 anos)
19h – Escolas de Cinema – Programa 5 – Vários (Vários, 2014/15, 97, Projeção Digital, 14 anos)
31 de Julho (sexta-feira)
15h – Herói Transparente – Orgun Wagua (Panamá, 2014, 52, DVD, 12 anos)
17h – Blues dos Plomos – Paulo Soria e Gabriel Patrono (Argentina, 2013, 83, Projeção Digital, 12 anos)
19h – Premê – Quase Lindo – Alexandre Sorriso e Danilo Moraes (Brasil, 2014, 70, Projeção Digital, 12 anos)
01 de Agosto (sábado)
15h – Gangrena Gasosa – Desagradável – Fernando Rick (Brasil, 2013, 120, Projeção Digital, 16 anos)
17h – Sabotage: Maestro do Canão – Ivan 13P (Brasil, 2015, 110, Projeção Digital, 14 anos)
19h – Lúcio Flávio, o Passageiro da Agonia – Hector Babenco (Brasil, 1977, 118, 35mm, 18 anos)
02 de Agosto (domingo)
15h – Dominguinhos – Joaquim Castro, Eduardo Nazarian, Mariana Aydar (Brasil, 2014, 86, Projeção Digital, 12 anos)
17h – Carandiru – Hector Babenco (Brasil, 2003, 145, 35mm, 16 anos)
04 de Agosto (terça-feira)
15h – Os Maes da Esquina – Juan Manuel Fernández (Costa Rica, 2014, 52, DVD, 12 anos)
17h – Escolas de Cinema – Programa 2 – Vários (Vários, 2014/15, 92, Projeção Digital, 14 Anos)
19h – Pixote, a Lei do Mais Fraco – Hector Babenco (Brasil, 1980, 128, 35mm, 18 anos)
05 de Agosto (quarta-feira)
15h – Caddies – Pablo Accuosto (Uruguai, 2014, 52, DVD, 12 anos)
17h – Escolas de Cinema – Programa 6 – Vários (Vários, 2014/15, 92, Projeção Digital, 14 Anos)
Cinemateca Brasileira
30 de Julho (quinta-feira)
19h – A Ilha e os Signos – Raydel Araoz (Cuba, 2014, 52, DVD, 12 anos)
+
Travessia – Alexander González Tascón (Colômbia, 2014, 52, DVD, 12 anos)
21h – Carandiru – Hector Babenco (Brasil, 2003, 145, 35mm, 16 anos)
31 de Julho (sexta-feira)
19h – Pixote, a Lei do Mais Fraco – Hector Babenco (Brasil, 1980, 128, 35mm, 18 anos)
21h – Caddies – Pablo Accuosto (Uruguai, 2014, 52, DVD, 12 anos)
+
Conquistando o Forte – Charles Martinez (Venezuela, 2014, 52, DVD, 12 anos)
01 de Agosto (sábado)
19h – Escolas de Cinema – Programa 1 – Vários (Vários, 2014/15, 94, Projeção Digital, 14 Anos)
21h – Escolas de Cinema – Programa 7 – Vários (Vários, 2014/15, 84, Projeção Digital, 14 Anos)
02 de Agosto (domingo)
19h – Paulo Moura – Alma Brasileira – Eduardo Escorel (Brasil, 2012, 86, Projeção Digital, 12 anos)
21h – Coração Iluminado – Hector Babenco (Argentina, Brasil, França, 1998, 130, 35mm, 18 anos)
CineSesc
30 de Julho (quinta-feira)
14h30 – Blues dos Plomos – Paulo Soria e Gabriel Patrono (Argentina, 2013, 83, Projeção Digital, 12 anos)
17h – Ragazzi – Raúl Perrone (Argentina, 2014, 83, Projeção Digital, 16 anos)
19h20 – A Misteriosa Morte de Pérola – Guto Parente (Brasil, França, 2014, 62, Projeção Digital, 12 anos)
21h30 – Sermão dos Peixes – Cristiano Burlan (Brasil, 2014, 80, Projeção Digital, 12 anos)
31 de Julho (sexta-feira)
14h30 – Lixo – Carlos Matsuo (México, 2013, 64, Projeção Digital, 12 anos)
17h – Baile Perfumado – Paulo Caldas e Lírio Ferreira (Brasil, 1997, 93, Projeção Digital, 16 anos)
19h20 – Videofilia (e Outras Síndromes Virais) – Juan Daniel F. Molero (Peru, 2015, 102, Projeção Digital, 14 anos)
21h30 – Sozinhos – Joanna Lombardi (Peru, 2015, 92, Projeção Digital, 12 anos)
01 de Agosto (sábado)
14h30 – My Name Is Now, Elza Soares – Elizabete Martins Campos (Brasil, 2014, 71, Projeção Digital, 14 anos)
17h – O Crime da Imagem – Lírio Ferreira (Brasil, 1992, 13, 35mm, 12 anos)
+
O Homem que Engarrafava Nuvens – Lírio Ferreira (Brasil, 2009, 100, 35mm, 12 anos)
19h20 – Morte em Buenos Aires – Natalia Meta (Argentina, 2014, 90, Projeção Digital, 14 anos)
21h30 – O Ardor – Pablo Fendrik (Argentina, Brasil, França, México, Estados Unidos, 2014, 90, Projeção Digital, 12 anos)
02 de Agosto (domingo)
14h30 – Árido Movie – Lírio Ferreira (Brasil, 2005, 115, Projeção Digital, 16 anos)
17h – Escolas de Cinema – Programa 4 – Vários (Vários, 2014/15, 97, Projeção Digital, 14 Anos)
19h20 – A Vida Depois – David Pablos (México, 2013, 90, Projeção Digital, 14 anos)
21h30 – Através – André Michiles, Diogo Martins e Fábio Bardella (Brasil, 2015, 104, Projeção Digital, 16 Anos)
03 de Agosto (segunda-feira)
14h30 – Não Tenho Nada – Alvaro Cifuentes (Argentina, 2013, 77, Projeção Digital, 14 anos)
17h – O Beijo da Mulher Aranha – Hector Babenco (Brasil, Estados Unidos, 1985, 120, 35mm, 16 anos)
19h20 – Mar – Dominga Sotomayor (Chile, Argentina, 2014, 60, Projeção Digital, 12 Anos)
21h30 – As Insoladas – Gustavo Taretto (Argentina, 2014, 102, Projeção Digital, 12 anos)
04 de Agosto (terça-feira)
14h30 – Pescado Rabioso – Uma Utopia Incurável – Lidia Milani (Argentina, 2012, 55, Projeção Digital, 12 anos)
17h – Pantanal – Andrew Sala (Argentina, 2014, 72, Projeção Digital, 16 anos)
19h20 – Natureza Morta – Gabriel Grieco (Argentina, 2014, 90, Projeção Digital, 16 anos)
21h30 – Viva a Música – Carlos Moreno (Colômbia, México, 2015, 101, Projeção Digital, 16 anos)
05 de Agosto (quarta-feira)
14h30 – Sabotage: Maestro do Canão – Ivan 13P (Brasil, 2015, 110, Projeção Digital, 14 anos)
17h – Picó, a Máquina Musical do Caribe – Roberto de Zubiría e Sergio Zaraza (Colômbia, 2014, 57, Projeção Digital, 12 anos)
19h20 – Sangue Azul – Lírio Ferreira (Brasil, 2014, 114, Projeção Digital, 16 anos)
21h30 – O Passado – Hector Babenco (Brasil, Argentina, 2007, 114, 35mm, 16 anos)
Memorial da América Latina – tenda PETROBRAS para o cinema latino-americano
30 de Julho (quinta-feira)
19h – Assombrações do Recife Velho – Lírio Ferreira (Brasil, 2001, 8, DVD, 12 anos)
+
Duoelo – Lírio Ferreira, Paulo Caldas (Brasil, 1992, 16, DVD, 12 anos)
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O Elástico – Lírio Ferreira, Paulo Caldas (Brasil, 1992, 11, DVD, 12 anos)
+
O Poeta Americano – Lírio Ferreira (Brasil, 2015, 11, Projeção Digital, 12 anos)
+
4 Kordel – Lírio Ferreira (Brasil, 2014, 13, Projeção Digital, 12 anos)
+
A Espiritualidade e a Sinuca – Lírio Ferreira (Brasil, 2011, 25, Projeção Digital, 12 anos)
21h – Gangrena Gasosa – Desagradável – Fernando Rick (Brasil, 2013, 120, Projeção Digital, 16 anos)
31 de Julho (sexta-feira)
19h – O Segredo da Luz – Rafael Barriga (Equador, 2014, 52, DVD, 12 anos)
+
Voo do Azacuán – Rafael de Jesús Quinteros (Guatemala, 2014, 52, DVD, 12 anos)
21h – Trago Comigo – Tata Amaral (Brasil, 2015, 87, Projeção Digital, 14 anos)
01 de Agosto (sábado)
17h – As Fábulas Negras – Rodrigo Aragão, Joel Caetano, Petter Baiestorf e José Mojica Marins (Brasil, 2015, 105, Projeção Digital, 16 anos)
19h – Meia Hora e as Manchetes que Viram Manchete – Angelo Defanti (Brasil, 2015, 80, Projeção Digital, 14 anos)
21h – Condado Macabro – Marcos DeBrito e André de Campos Mello (Brasil, 2015, 115, Projeção Digital, 16 anos)
02 de Agosto (domingo)
17h – Eu Sou Carlos Imperial – Renato Terra e Ricardo Calil (Brasil, 2015, 90, Projeção Digital, 18 anos)
19h – Trago Seu Amor – Dellani Lima (Brasil, 2015, 71, Projeção Digital, 16 anos)
21h – Escolas de Cinema – Programa 3 – Vários (Vários, 2014/15, 97, Projeção Digital, 14 Anos)
03 de Agosto (segunda-feira)
19h – Os Olhos da América – Daiana Rosenfeld e Aníbal Garisto (Argentina, 2014, 52, DVD, 12 anos)
+
A Nação Interior – Bulmaro Osorini Morales (México, 2014, 52, DVD, 12 anos)
21h – Videofilia (e Outras Síndromes Virais) – Juan Daniel F. Molero (Peru, 2015, 102, Projeção Digital, 14 anos)
04 de Agosto (terça-feira)
19h – Não Tenho Nada – Alvaro Cifuentes (Argentina, 2013, 77, Projeção Digital, 14 anos)
21h – Guataha – Clarissa Knoll (Brasil, 2014, 52, Projeção Digital, 12 anos)
05 de Agosto (quarta-feira)
20h30 – ENCERRAMENTO
Não Estávamos Ali para Fazer Amigos – Miguel de Almeida e Luiz R Cabral (Brasil, 2015, 70, Projeção Digital, 12 anos)
CINUSP – Maria Antônia
31 de Julho (sexta-feira)
20h – Fora de Campo – Hugo Gabriel Gimenez Cárcerez (Paraguai, 2014, 52, DVD, 12 anos)
01 de Agosto (sábado)
18h – Quinuera – Ariel Soto (Bolívia, 2014, 52, DVD, 12 anos)
20h – Harmonia – Gabriel Coss Ríos (Porto Rico, 2014, 52, DVD, 12 anos)
02 de Agosto (domingo)
18h – Conquistando o Forte – Charles Martinez (Venezuela, 2014, 52, DVD, 12 anos)
20h – Miskitu – Rebeca Arcia (Nicarágua, 2014, 52, DVD, 12 anos)
CINUSP – Cidade Universitária
03 de Agosto (segunda-feira)
16h – Assombrações do Recife Velho – Lírio Ferreira (Brasil, 2001, 8, DVD, 12 anos)
+
Duoelo – Lírio Ferreira (Brasil, 1992, 16, DVD, 12 anos)
+
O Elástico – Lírio Ferreira (Brasil, 1992, 11, DVD, 12 anos)
+
O Poeta Americano – Lírio Ferreira (Brasil, 2015, 11, Projeção Digital, 12 anos)
+
4 Kordel – Lírio Ferreira (Brasil, 2014, 13, Projeção Digital, 12 anos)
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A Espiritualidade e a Sinuca – Lírio Ferreira (Brasil, 2011, 25, Projeção Digital, 12 anos)
19h – Escolas de Cinema – Programa 4 – Vários (Vários, 2014/15, 97, Projeção Digital, 14 Anos)
04 de Agosto (terça-feira)
16h – A Vida Depois – David Pablos (México, 2013, 90, Projeção Digital, 14 anos)
19h – Mar – Dominga Sotomayor (Chile, Argentina, 2014, 60, Projeção Digital, 12 anos)
05 de Agosto (quarta-feira)
16h – Através – André Michiles, Diogo Martins e Fábio Bardella (Brasil, 2015, 104, Projeção Digital, 16 Anos)
19h – Os Olhos da América – Daiana Rosenfeld e Aníbal Garisto (Argentina, 2014, 52, DVD, 12 anos)
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A Nação Interior – Bulmaro Osorini Morales (México, 2014, 52, DVD, 12 anos)
06 de Agosto (quinta-feira)
16h – Condado Macabro – Marcos DeBrito e André de Campos Mello (Brasil, 2015, 115, Projeção Digital, 16 anos)
19h – Não Estávamos Ali Para Fazer Amigos – Miguel de Almeida e Luiz R Cabral (Brasil, 2015, 70, Projeção Digital, 12 anos)
07 de Agosto (sexta-feira)
16h – Trago Seu Amor – Dellani Lima (Brasil, 2015, 71, Projeção Digital, 16 anos)
19h – Sermão dos Peixes – Cristiano Burlan (Brasil, 2014, 80, Projeção Digital, 12 anos)
ESPAÇO ITAU DE CINEMA – FREI CANECA
01 de Agosto
11h – Os Maes da Esquina – Juan Manuel Fernández (Costa Rica, 2014, 52, DVD, 12 anos)
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Rumo a La Hoyada – Andrés Cotler (Peru, 2014, 52, DVD, 12 anos)
RESERVA CULTURAL
03 de Agosto
20h – Ato, Atalho e Vento – Marcelo Masagão (Brasil, 2015, 70, Projeção Digital, 12 anos)
ATIVIDADES PARALELAS
Seminário Internacional “Caminhos do Audiovisual Latino-Americano no Século 21” – A Produção Audiovisual Latino-Americana na Era Digital e Conectada. Possibilidades e Tendências
03 de Agosto (segunda-feira), 10h00 – SESC – Centro de Pesquisa e Formação
Ariel Barlaro (Argentina) – Vice-presidente da Dataxis
Fernando Lauterjung (Brasil) – Editor da Tela Viva News
Pedro Butcher (Brasil) – Jornalista e crítico de cinema
Seminário Internacional “Caminhos do Audiovisual Latino-Americano no Século 21” – As Escolas de Cinema e Audiovisual no Contexto Social, Cultural e Profissional Latino-Americano
03 de Agosto (segunda-feira), 15h00 – SESC – Centro de Pesquisa e Formação
José Ramón Mikelajauregui (México) – Diretor DIS – Escola de Cinema da Universidade de Guadalajara
Juan Guillermo Buenaventura Amezquita (Colômbia) – Coordenador da Escola e Cinema e Televisão da Faculdade de Artes da Universidade Nacional da Colômbia
Mario Santos (Argentina) – Vice-reitor da Universidade do Cinema – Buenos Aires
Seminário Internacional “Caminhos do Audiovisual Latino-Americano no Século 21” – A Web e o Audiovisual Latino-Americano. Produção e Distribuição na Rede
04 de Agosto (terça-feira), 10h00 – SESC – Centro de Pesquisa e Formação
Luana Lobo (Brasil) – Diretora de distribuição híbrida da Maria Farinha Filmes
Luciana Mas (Argentina) – Responsável por marketing e comunicação na FAV! Network
Ramiro Medina (México) – Diretor da MonsterFlyStudios
Seminário Internacional “Caminhos do Audiovisual Latino-Americano no Século 21” – Modalidades Temáticas, Dramatúrgicas e Estéticas
04 de Agosto (terça-feira), 15h00 – SESC – Centro de Pesquisa e Formação
José Carlos Avellar (Brasil) – Ensaísta e critico de cinema
Orlando Mora (Colômbia) – Critico de cinema do jornal El Colombiano
Silvia Schwarzböck (Argentina) – Professora de Filosofia na Universidade de Buenos Aires
Seminário Internacional “Caminhos do Audiovisual Latino-Americano no Século 21” – Coprodução Internacional
05 de Agosto (quarta-feira), 10h00 – SESC – Centro de Pesquisa e Formação
Angélica Lares (México) – Coordenadora do Encontro de Coprodução e Guadalajara Construye no Festival Internacional de Cinema de Guadalajara
Sergio Gándara (Chile) – Presidente da fundação CinemaChile e APCT (Associação de Produtores de Cinema e TV do Chile)
Vania Catani (Brasil) – Produtora
Encontro CIBA-CILECT
02 de Agosto (domingo), 10h00 – Memorial da América Latina – Biblioteca Latino-Americana
Mesa Homenagem Lírio Ferreira
30 de Julho (quinta-feira), 20h30 – Memorial da América Latina – Biblioteca Latino-Americana
Lírio Ferreira (Brasil) – Diretor
Paulo Caldas (Brasil) – Diretor
Kiko Goifman (Brasil) – Diretor
Cinema da Vela
04 de Agosto (terça-feira), 19h30 – CineSesc
Dominga Sotomayor (Chile) – Diretora
Tata Amaral (Brasil) – Diretora
Mediação: Ricardo Calil (Brasil) – Diretor
Debate Ato, Atalho e Vento
03 de Agosto (segunda-feira), 20h – Reserva Cultural
Maria Rita Kehl (Brasil) – Psicanalista e jornalista
Jean-Claude Bernardet (Brasil) – Crítico de cinema e cineasta
Mediação: Marcelo Machado (Brasil) – Diretor
EU ME AMO – Entrevista na REVISTA TPM
A cantora Elza Soares estrela documentário, prepara disco novo e grava músicas de Amy Winehouse
POR LIA HAMA
01.07.2015 TPM #155
Elza Soares está só. Após terminar o namoro com um homem 45 anos mais novo, a cantora e compositora carioca se declara apaixonada por si mesma. “Tô amando muito essa mulher, a Elza. Acho que não tem mais espaço pra eu amar outra pessoa”, disse à Tpm a artista, um dos nomes mais importantes da MPB, de seu apartamento em Copacabana. E é olhando para si mesma em um espelho que ela protagoniza My name is now, Elza Soares, documentário da diretora Elizabete Martins Campos, que será exibido este mês na sétima edição do In-Edit Brasil, em São Paulo, e no Festival Latinidades, em Brasília.
A trajetória de luta da mulher negra e pobre até o estrelato está lá, assim como as dores da perda do filho que teve com o grande amor de sua vida, o craque Garrincha [1933-1983]. Ele morreu em um acidente de carro em 1986, aos 8 anos. “Pensei que nunca fosse me recuperar. Quis fazer tudo com revolta, com raiva, por ter visto meu filho de 8 anos [Garrinchinha] ser morto”, diz a cantora no longa. Mas Elza pediu à diretora que fugisse da tristeza. “Queria falar de coisas boas e não dos sofrimentos do passado. Sempre digo: ‘My name is now’”, diz a intérprete de “Volta por cima” (“Levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima”).
Seu now está cheio de novidades: além do documentário, Elza prepara disco novo, A mulher do fim do mundo, com composições de José Miguel Wisnik, Romulo Fróes e Kiko Dinucci, e vai gravar canções de Amy Winehouse. “É pra uma campanha de conscientização sobre álcool e drogas. O pai da Amy me procurou. Tô sempre fazendo coisa nova”, diz a artista, que teima em não revelar a idade (estima-se que esteja na casa dos 78 anos) e, não por acaso, tem uma fênix tatuada na perna.
Vai lá: My name is now, Elza Soares, de Elizabete Martins Campos. De 1 a 12 de julho na 7ª edição do In-Edit Brasil (www.in-edit-brasil.com), em São Paulo. Dia 22/7 no Festival Latinidades (www.latinidades.com), em Brasília.
acesse em: https://revistatrip.uol.com.br/tpm/entrevista-com-elza-soares
Rolling Stone entrevista Elza Soares
PATRÍCIA COLOMBO PUBLICADO EM 18/01/2015, ÀS 14H03
Divulgação
Personificação de diversas minorias – nasceu mulher, negra e pobre –, Elza Soares, de 77 anos, precisou dar chutes nas portas para conquistar o sucesso e o respeito que almejava. Passou fome na infância, sofreu com o moralismo da sociedade por causa do relacionamento com Mané Garrincha (que era casado quando conheceu a cantora), enfrentou os problemas de alcoolismo do jogador e viveu a traumática experiência da perda do filho do casal em um acidente de carro, anos depois da morte do companheiro. Sempre se recuperando como uma fênix, Elza segue bem-humorada e fazendo uma média de 15 shows por mês, que tem realizado sentada por causa de problemas na coluna. Entre as apresentações está o espetáculo Elza Soares Canta e Chora Lupicínio Rodrigues, que ganhará registro ao vivo. O atual momento da cantora ainda é tema de My Name Is Now, filme com recortes musicais que mistura ficção e documentário, dirigido por Elizabete Martins Campos. Elogiado, o longa estreou no Festival do Rio e busca parceiros para ser exibido em circuito comercial. “Quando me assisti, pensei: ‘Porra, que mulher foda’”, ela diz, sem falsa modéstia.
Entrevista: “Cantar ainda é remédio bom”, diz Elza Soares.
Como surgiu a ideia de fazer um filme como esse?
Conheço a Bebete há um tempo e comentei que gostaria de escrever um livro sobre mim. Ela me sugeriu fazer um longa-metragem. É um filme em que falo da Elza de agora, não tanto da Elza das porradas da vida.
E por que não quis abordar de forma mais contundente os perrengues pelos quais você passou?
Falamos disso no filme também, mas queria algo mais leve. Ao longo da minha carreira sempre consegui tudo na porrada, porque sou abusada. Até hoje falo que nunca tive um grande patrocinador. Mas também é aquela coisa, talvez com um patrocinador eu não pudesse ser o que sou.
Sim. E se eu tivesse sido como queriam que eu fosse, uma donzelinha frágil com vestido até a canela e gola no pescoço. Meu vestido só não sobe mais por causa das calcinhas [risos]. Era uma época em que se tinha uma ideia da mulher submissa, que muitas vezes era depósito para lixo de alguns homens. Nunca quis isso e sofri também. Ser livre, naquela época, foi difícil. E se minha história com Mané se passasse agora, com os jogadores ganhando milhões, não sei se eu seria a mulher dele. Conheci um Garrincha pobre e nosso amor era verdadeiro. O que sinto por ele permanece intacto.
Essa intensidade que você tem claramente vai além do cantar.
Não à toa você tem esse laço tão forte com as canções do Lupicínio.
Acho que é por isso que o show deu tão certo. Elza canta e chora Lupicínio. Entra pelo meu útero, me engravida e cada música cantada é um parto. Gravamos um registro audiovisual ao vivo em Porto Alegre, terra de Lupi. Convidei o filho dele, Lupicínio Rodrigues Filho, e o lançamento será no início de 2015.
Você era moderna em uma época de grande conservadorismo. Acha que é mais fácil ser mulher hoje?
As mulheres tinham muito medo de mim. Quando eu chegava numa festa era uma coisa de “cuidado com a Elza”. Hoje em dia elas conseguem se impor muito mais. Mas ainda há preconceito, e não só vindo do homem. Muitas mulheres são machistas sem perceber.
A representação feminina no Congresso, por exemplo, ainda é muito pequena.
As mulheres não se apoiam. Falta mulher na política. Eu tenho tanta vontade de vê-las de mãos dadas, se ajudando. E minha luta, além de ser pelos negros e pelas mulheres, sempre foi pelos gays. Alguns tratam os homossexuais como se não fossem um pedaço de nós. Eu sou todos eles.
E como está a sua coluna?
Ando fazendo muita fisioterapia. Caí do palco em 1999 e nem dei muita bola. Segui usando meus saltos de 15 centímetros. De 2007 para cá, fiz três cirurgias e tenho oito pinos na coluna. Sempre sambei no palco. Hoje, me apresento sentada, mas aprendi a dar uma tremidinha na cadeira [risos]. Espero que em 2015 eu já volte a fazer shows em pé. Acredito que com a minha vontade e entrega vai dar tudo certo.
acesse em: https://rollingstone.uol.com.br/edicao/edicao-100/entrevista-elza-soares/
‘My Name Is Now, Elza Soares’ retrata história de um dos ícones da MPB – GSHOW
A cantora e compositora esteve em Salvador para lançar o longa
Um dos grandes nomes da MPB e símbolo da cultura brasileira, Elza Soares é sinônimo de garra. Sua história de vida e perseverança, da extrema pobreza ao estrelato, é tão forte que a cantora e compositora inspirou a realização de um documentário que leva o seu nome, ‘My Name Is Now, Elza Soares’. Ela esteve em Salvador em novembro para o lançamento do longa e conversou com Silvinha Resende sobre sua história.
Elza conta que pediu à diretora do filme, Elizabete Martins Campos, que não colocasse coisas ruins no documentário, ou seja, que evitasse sua história de miséria, dor e sofrimento. Ela queria que o longa retratasse ‘amor, sorrisos e poucas lágrimas’. Para ela, o segredo pra ter uma atitude positiva na vida diante de tanta adversidade é a coragem.
Elza Soares fala de My Name is Now, para o GSHOW
Ela faz uma analogia com o seu nascimento ao contar que já nasceu a 500 quilômetros por hora, em frente a um caminhão, desviando para não morrer atropelada. ‘E eu vivo assim: correndo pra não ser atropelada’, conta. E complementa: ‘Eu não vim aqui pra ser uma pinta. Eu quero ser uma mancha grande, de petróleo, maravilhada!’, afirma Elza. Vale a pena rever a entrevista do Mosaico.
Em entrevista, Elza Soares fala de documentário sobre sua vida – PORTAL UAI +E
A cantora ainda conta sobre as dificuldades do início da carreira
10/11/2014 10:10
Elza Soares diz que a música ‘A carne’ é um grito necessário para ela (foto: Rodrigo Braga/Divulgação)
Elza Soares exala raça e paixão por todos os poros. Passou fome, correu atrás de patrocínio e até pensou em parar de cantar para criar o filho Garrinchinha — fruto da união com o craque das pernas tortas Mané Garrincha. Aliás, o torto para Elza é o certo. A conclusão veio quando a fonoaudióloga concluiu que as cordas vocais de Elza Soares são tortas e, de tão tortas, se acertam. Daí a voz que é quase uma onomatopéia e se tornou a marca registrada.
Gostou do resultado do documentário?
Olha, eu fiquei muito feliz porque o documentário recebeu quatro indicações maravilhosas. A resposta foi muito boa, além de ter sido uma experiência muito gostosa.
O cinema te encanta?
Eu acho importante porque eu nunca falei muito da minha vida. Todo mundo conhece a Elza de antes, mas não a Elza de agora. É disso o que o documentário trata: da Elza agora, por isso o nome ‘My name is now’. Eu não quis expor muito a minha vida. Porque eu não sou ontem, não sou amanhã, eu sou agora. Agora eu sou. O importante é ser agora.
A diretora do documentário, Elizabeth Martins, diz que você é uma fênix. Você se considera forte dessa forma?
Eu acho que sim. Porque eu sempre estou renascendo. Eu luto muito e não posso parar. Não me permito isso. Estou correndo atrás sempre. É a vida.
Você disse que não queria um documentário que falasse de dor e sofrimento. Qual a essência do documentário?
Desde o começo a proposta foi essa. É muito chato ficar falando de dor, de sofrimento. Não! Vamos falar de vida. Acho que o povo está necessitado de abraço. O povo está necessitado de carinho. Eu sinto isso e tenho certeza que muita gente sente também. Aquele abraço, aquele carinho, aquela verdade. Acho que é disso que todos estamos precisando. Se a gente falar de sofrimento, as pessoas saem correndo. E eu não quero passar sofrimento para ninguém.
A sua história de vida está muito atrelada à história da música do Brasil…
É verdade… é uma história muito forte e até por isso as pessoas já sabem o que passei. Até hoje corro atrás de patrocinador. Nunca tive um patrocínio para minha arte. Eu corro atrás das coisas, nada cai do céu para mim.
Sua vida tem mais episódios de prazer ou de dor?
Acho que de prazer. Porque toda dor se torna um prazer depois. Não é isso?
De onde vem essa voz que, às vezes, parece uma onomatopéia? Quando começou a cantar assim?
Desde criança. Quando comecei a cantar, eu tinha uma voz diferenciada. Meu pai e minha família não queriam porque, naquela época, mulher que cantava era prostituta. E, até hoje, a palavra que eu mais gosto é “prostituta”… Juro… Porque, no fundo no fundo, todo mundo se prostitui. Acho que no fundo a gente se prostitui muito…sem saber.. mas se prostitui.
Como, por exemplo?
No trabalho, o salário, aguentar empresário, aguentar patrão. Às vezes, a mulher está menstruada, morrendo de cólica, mas ela tem que ir trabalhar. Brigou em casa com o marido, com o namorado, tem que chegar em casa e fingir que está tudo bem, porque senão é mandada embora. Mas tem que ir, tem que ir atrás do dinheiro. E isso acontece com as mulheres, principalmente.
É verdade que você tem a corda vocal torta? Como descobriu isso?
A minha fonoaudióloga, em São Paulo, fez um trabalho com a minha garganta… Inclusive, ela está indo agora para os Estados Unidos estudar a minha garganta. A minha corda vocal dá uma distorcida…dá uma distorcida legal e eu não sabia disso. Minha corda vocal de tão torta é certa.
Aqui em Brasília tem um poeta chamado Nicolas Behr que escreveu: “Nem tudo que é torto é errado. Veja as pernas do Garrincha e as árvores do Cerrado”…
E as cordas vocais da Elza Soares também (risos). A verdade é que o torto é certo. Viva Mané Garrincha.
Você canta com muita emoção, sempre. O que a música representa para você?
Quando eu escutei Seu Jorge cantando ‘A carne’, eu vi que estava faltando gritar. A carne é um grito que a gente busca… “A carne mais barata do mercado é a carne negra”… Como vou cantar isso sem dar um berro? Quando eu canto ‘Meu guri’ também procuro cantar contando uma história. Porque o Chico (Buarque) escreveu uma história de uma mãe pobre inocente que achava que aquele guri era a coisa mais linda e mais certa do mundo e que um dia chegaria a um lugar muito alto…. Então, não tem como… ‘Meu Guri’ também é meu grito.
Quando canta ‘Carne’ você faz uma interpretação emocionante, bate no peito… De que forma o racismo afetou sua carreira?
Como eu disse, eu nunca tive patrocínio. Meu patrocínio sou eu. É por isso que dizem que eu sou uma Fênix. A Fênix quando volta, volta inteira. É o que acontece comigo. E quando eu canto, eu troco o bico, a pele e a carne, a carne negra que é linda e maravilhosa. E isso vale para qualquer mulher. A gente fez tanta coisa para chegar a algum lugar, queimou sutiã para ter direitos iguais. Se nós, mulheres, não lutarmos, isso não vai ter valido de nada. Temos que fazer alguma coisa.
Já pensou em parar de cantar?
Uma vez tive uma loucura de parar de cantar. Porque eu sempre lutei, com filhos pequenos. Corria atrás como uma louca, sabendo o quanto era difícil. Ainda mais para uma mulher negra — e a gente sabe que a negritude nesse país é olhada com uma certa indiferença. Então, fui buscar lugar para trabalhar, para criar meu filho, o Garrinchinha, e pensei em parar de cantar. Eu ia trabalhar em um orfanato, num lugar desses. Aí, no lugar onde comecei a cantar em São Paulo, vi uma faixa anunciando show do Caetano (Veloso) e resolvi ir lá para me despedir. E disse a ele: “Caetano, meu guru, vou parar de cantar.” Foi quando ele disse: “Você não pode fazer isso, porque uma abelha rainha não deixa sua colmeia.” Então, nunca mais eu pensei nisso. Nunca me esqueci das palavras do Caetano. Foi quando ele me deu ‘Língua’ para cantar com ele. A voz é um presente que Deus me deu. Eu operei a coluna, estou com 16 pinos, fazendo fisioterapia, mas a voz continua intacta. A voz está boa, cara.
Conseguiu se recuperar da cirurgia?
Estou me recuperando. Não é fácil. Eu descobri que tenho vértebra de criança, não é vértebra de adulto.
Das coisas que fazia antes e não pode mais, o que mais te faz falta?
Salto alto. Eu também tinha um piercing no umbigo e tive que tirar. Não era um piercing qualquer, tinha um brilhante. O piercing nem faz tanta falta, mas o salto alto me faz uma falta louca.
Claro, faz muita falta, porque ficar sem sambar é um castigo.
Você se considera uma sobrevivente?
Não sei o que eu me considero, não. Juro que eu não sei. Acho que eu sou um ser humano estranho. Talvez por tudo que aconteceu comigo, tanta coisa na vida… aprendi a ter paciência resignação. A vida me acalma. Tem hora que a vida dá umas porradas e diz: “acorda, pô!”
Como você vê o tratamento que o governo e a sociedade tem dado às minorias?
Hoje, fazendo um retrocesso, eu vejo que a minoria é a maioria. Esse povo, que faz parte de mim, hoje pode estudar, viajar de avião. Sei que ainda falta muita coisa para a saúde, para educação… Mas eu acho que houve uma melhora tão grande que nós, a minoria, considerados os descartáveis, estamos melhorando de vida. O filho do porteiro faz faculdade. Isso é muito bom. E eu não quero retroceder.
O que precisa ser feito, com mais urgência na luta contra o racismo e a homofobia?
Consciência, vergonha, educação. Com isso melhora. O problema é falta de educação e de consciência do corpo e da mente.
Você conheceu alguns dos grandes nomes da música internacional, como foi seu encontro com Louis Armstrong, na Copa de 1962, no Chile?
Ele me chamou de “my daughter”, mandaram eu chamá-lo de “my father”, pensei que estava chamando ele para fazer outra coisa (risos). Falaram: “Vai lá e chama ele de “my father”, falei: “não, não vou fazer isso, tá louco. E se ele aceitar, se ele gostar, o que eu faço?”. Mas cheguei perto do negão e ele: “yeah, my daughter”, e eu ainda entendia que ele estava me chamando de “doutora, (doctor) e eu pensando: “Pô, o cara me chamando de doutora o tempo todo, meu nome é Elza, Elza Soares”. Aí me explicaram que ele estava me chamando de “filha”, apesar do som parecer “doutora”, e falaram também o que era “my father”… Depois a gente se encontrou no México.
Assista ao trailer de ‘My name is now’, filme sobre Elza Soares:
My Name Is Now, Elza Soares. Diretora Elizabete Martins Campos